Você ou alguém que você conheça tem se sentido cansado para além do normal?
Constantemente tem uma sensação de que não importa o que faça, parece que o barulho mental não te permite relaxar?
Frequentemente sente medo do futuro e mesmo assim tende a ter uma certa paralisia quando pensa em realizar alguma atividade relacionada ao trabalho e seus projetos profissionais?
Você pode ser 1 entre as 4 pessoas no Brasil que desenvolvem a “Síndrome de Burn Out” que até o ano de 2022 ainda não era reconhecida como uma doença ocupacional, entenda melhor abaixo.
O que é uma doença ocupacional?
Uma doença ocupacional é um problema de saúde que pode ser desenvolvido devido à atividade profissional, de forma direta ou indireta.
De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 19% dentre todas as doenças que levam ao óbito (morte), estão relacionadas com acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais!
Um grande número, não é mesmo?
Forma Direta
Podem ser causadas por exposição a substâncias nocivas, condições ambientais adversas ou más condições ergonômicas.
Forma Indireta
Em setembro de 2021, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPA), lançou uma pesquisa mostrando que cerca de 750 mil mortes de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ao redor do mundo foram causadas por complicações cardiovasculares ligadas ao estresse excessivo dentro do trabalho.
Direta ou indiretamente ligada ao trabalho, elas podem afetar a capacidade de trabalhar e levar a uma incapacidade temporária ou permanente para desempenhar determinadas funções.
O Burnout agora é considerado uma doença ocupacional
Dentro do quadro doenças psicossociais desenvolvidas a partir de um ambiente de trabalho estressante e desgastante, temos: burnout, ansiedade, depressão, dentre outras.
Sintomas do Burnout: físico, mental e emocional (psicológicos)
Muita gente acredita que o esgotamento seja apenas cansaço extremo, fadiga mental…
Mas será que é só isso mesmo?
Nem todos os “burnouts” são iguais, porque fatores específicos de cada trabalhador (trabalho, colegas, chefe, ambiente, tarefas, família, projetos, etc.) irão influenciar o aparecimento deste transtorno em maior ou menor grau.
Quais são os sintomas físicos do Burn Out?
Os sintomas do burnout também são físicos e podemos notar, entre os mais comuns está o cansaço constante.
Apesar das horas de descanso, nada parece adiantar, a pessoa ficará frequentemente exausta, isto se deve em grande parte, principalmente aos distúrbios do sono causados pelos distúrbios psicológicos ou fisiológicos da pessoa.
O corpo, exaurido, apresentará os primeiros sinais de fraqueza. Um trabalhador em um nível de exaustão avançado sentirá muitas dores: dores de cabeça, dores musculares, dores nas costas ou dores nas articulações.
Pode-se notar também o aparecimento de dores de estômago ou, nas piores situações, o aparecimento de úlceras, gastrites e disfunções do intestino.
Fisicamente, o esgotamento também pode ser notado na perda ou ganho de peso que afetará a pessoa. A pessoa também poderá sofrer com problemas de pele, através do aparecimento de espinhas, acne ou manchas vermelhas (às vezes psoríase ou eczema) no rosto ou no corpo.
Alguns indivíduos que sofrem de esgotamento poderão ter perda de cabelo, parcial (em áreas localizadas) ou de forma mais geral.
O esgotamento também pode causar desmaios, tonturas, hipertensão (pressão alta) ou hiperventilação (respiração curta e ofegante).
Em algumas pessoas, a sensibilidade à luz aumenta e também pode surgir uma certa dificuldade em tolerar luzes artificiais como as luzes da tela do computador, celular, etc.
Garganta seca e aumento da sudorese (suor excessivo) também podem ser sinais indicativos de um quadro de esgotamento.
Finalmente, entre os sintomas mais comuns de burnout, vemos uma queda nas defesas imunológicas.
Pessoas que sofrem de esgotamento profissional são muito mais propensas a resfriados, gripes ou outros vírus sazonais, que também levarão um tempo anormalmente mais longo para sarar.
Sintomas psicológicos da síndrome de Burn Out
O esgotamento pode ser caracterizado por uma sensação de vazio interior, uma espécie de desânimo que também influencia a autoconfiança do indivíduo e a forma como ele se percebe no mundo.
Ele então, poderá se sentir incompetente, inútil, tendo a impressão de estar falhando constantemente no que está fazendo e, por consequência experimentará um grande sentimento de desmotivação em relação ao seu trabalho.
Essa sensação avassaladora de opressão faz com que o estresse aumente ainda mais.
Esses sintomas de esgotamento são muito comuns e às vezes, vendo do lado de fora, podemos ter a impressão de que a pessoa que está passando por isso está simplesmente se sentindo um pouco preguiçosa devido ao excesso de trabalho/cansaço.
Um trabalhador que sofre de esgotamento poderá ficar repentinamente mais irritado, com explosões espontâneas de raiva e maior sensibilidade a pequenos comentários que normalmente teriam passado batido.
A pessoa pode começar a chorar sem motivo aparente (ou pelo menos um motivo que nós saibamos) e essas crises de choro podem ser acompanhadas de uma profunda letargia (estado de sonolência e falta de energia).
Alto nível de dificuldade de concentração nas mínimas tarefas diárias. Mesmo sendo tarefas que antes pareciam ser completamente simples de executar, a pessoa poderá “perder o rumo”, tendo a impressão de que tudo está mais difícil.
Seus pensamentos ficarão vagos e correrão em todas as direções e a ocasional perda de memória causada por essa síndrome de esgotamento profissional tornará difícil a realização da menor iniciativa que seja.
O trabalhador poderá ter o desejo de simplesmente ficar sozinho, se isolando cada vez mais do mundo externo e terá dificuldade em participar ativamente de reuniões ou trabalhos de grupo, sendo o sua capacidade de analisar e julgar fatos, totalmente comprometida pela confusão mental que sente, ou até mesmo, tirando conclusões totalmente equivocadas da realidade.
Nos piores casos de esgotamento, a pessoa tem pensamentos suicidas justamente porque não é capaz de lidar com todas essas novas emoções e tensões que a fazem sentir-se impotente no trabalho (e na vida).
O que gera Burn Out?
Gosto muito da definição do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han sobre uma enfermidade que está acometendo a sociedade moderna.
Você já ouviu falar da “A sociedade do cansaço” ?
Segundo os conceitos de Han, esse cansaço acontece como uma resposta do corpo para o excesso de positividade e cobrança que a sociedade impõe.
Ele ainda reflete sobre a violência da positividade, que é mais uma das manobras da sociedade do cansaço para produzir pessoas mecanizadas e unicamente centradas no que é essencial para um sistema extremamente capitalista: a busca excessiva pelo lucro, a todo e qualquer custo, sem levar em conta o alto comprometimento mental, emocional e físico que isso pode trazer a natureza do ser humano.
A cobrança constante pelo desempenho atinge as inseguranças dos indivíduos ao tentar trazer propósitos extremamente exagerados para o tão aclamado “sucesso no trabalho”, frutos de uma sociedade que nos faz acreditar que impor limites é um retrocesso e que as pessoas são capazes de alcançar tudo, basta esforço.
Muito esforço, muita cobrança geram crise e esgotamento acompanhadas de angústia, autoexploração e muito medo.
Somando isso a falta de um ambiente de lazer e descanso com atividades fundamentais para a saúde física e mental, como esportes e atividades em contato com a natureza, temos uma catástrofe anunciada.
Para piorar, as pessoas podem buscar conforto em meios como o álcool e as drogas, acreditando serem meios de “aliviar” um pouco do stress acumulado.
A precariedade da alimentação de fast foods, causando deficiência de vitaminas, minerais, entre outros, também é um fator alarmante, pois um corpo mal nutrido pode sofrer muito mais o impacto do estresse.
O estilo de vida de muitas telas (celular, tv, computador) da sociedade moderna também pode ser outro fator agravante, já que o cansaço visual pode levar a pessoa a ter não apenas dores de cabeça e musculares, mas também problemas de vista.
O burnout é um problema sistêmico e requer um conjunto de fatores para que haja uma melhora significativa, principalmente uma mudança no estilo de vida
Quem são as pessoas com maior probabilidade de ter Burn Out?
Mesmo que o burnout seja caracterizado pelo esgotamento profissional, o trabalho não é o único responsável por esse transtorno. A vida social de um indivíduo pode ter um alto impacto, para o positivo ou para o negativo, nas chances de sofrer de esgotamento!
Podemos entender que, apesar de uma pessoa ter um trabalho muito exigente, se sua vida não profissional a satisfaz e traga animação, ela terá menos probabilidade de sofrer de esgotamento.
Por outro lado, um indivíduo cuja vida social não corresponda às suas expectativas e que, por isso, ele dá grande ênfase à sua vida profissional, poderá mais facilmente estar sujeito a este problema.
Pessoas com deficiências vitamínicas, que não consomem uma quantidade ideal de proteínas por dia, e/ou com uma alimentação baseada majoritariamente em carboidratos podem aumentar o risco de inflamação no corpo, aumentando o risco de burn out.
Entre os sujeitos mais sensíveis ao burnout encontramos:
- Trabalhadores mais jovens (com menos de 30 anos), que ainda não compreenderam o funcionamento do mundo do trabalho. Freqüentemente, colocam grandes expectativas em suas carreiras ou exercem muita pressão sobre si mesmos, o que às vezes é difícil de manter.
- Os indivíduos mais perfeccionistas, que terão dificuldade em gerir alguns fatores do seu trabalho: colegas menos competentes, falta de rigor do chefe, falta de tempo para aperfeiçoar um arquivo, etc.
- Os trabalhadores solteiros são considerados mais vulneráveis ao burnout, pois não terão a oportunidade de ter apoio moral em casa.
Mas todos os grupos de pessoas podem ser afetados pelo esgotamento.
Ao contrário da depressão, com a qual às vezes é confundido, o burnout não está ligado a um fator cerebral nem após um choque emocional como a perda de um ente querido, por exemplo.
Depende de parâmetros externos, como muito estresse e/ou muita pressão.
Uma vez atingido o nível de tolerância de stress no corpo e mente, surgirão os sintomas de burnout e será necessário enfrentá-los, seguindo o tratamento certo para o esgotamento.
