Burnout: tudo o que você precisa saber sobre esse estado de esgotamento profissional!

Burnout, esse termo tão em “alta” nos dias de hoje, não apenas para colaboradores mas também para empresas, é uma síndrome de esgotamento profissional que afeta profissionais dos mais variados campos.

Eu não fazia ideia desse termo até o “boom” em meados de 2020, mas já sentia na pele os sinais de uma mente desgastada pela fadiga extrema, falta de concentração, motivação e vontade de fazer qualquer coisa relacionada ao trabalho.

Na verdade, eu não sentia vontade de fazer absolutamente nada, a coisa “tava feia”sabe?

Esse distúrbio, identificado na década de 1970, afeta cada vez mais pessoas em seu ambiente profissional.

Seria a culpa do estresse cada vez maior? Das técnicas de gerenciamento que impulsionam a produtividade acima de tudo e todos? Uma desumanização do trabalho?

O que de fato, gera Burn Out?

Para enfrentá-lo adequadamente, primeiro eu precisei compreender essa síndrome e entender como eu poderia gerenciar o dia-a-dia moderno de tantos afazeres, telas, tanta velocidade e tanto desgaste emocional e mental.

Te convido, caro leitor, a descobrir as causas e consequências deste esgotamento, as diferentes formas que ele se manifesta, como evitá-lo e os diferentes tratamentos possíveis.

Vamos nessa?

A definição do Burnout profissional: Compreendendo o esgotamento para enfrentá-lo

É crucial para pessoas e empresas esse entendimento para que possamos garantir o bem-estar no ambiente de trabalho.

Quando nos deparamos com essa exaustão aguda, é como se estivéssemos no fim da linha, sem percebermos o peso que carregamos em nossos ombros.

Já se sentiu assim?

Esse peso pode ser sentido no corpo, com sintomas como dores de cabeça, nas costas e em outras partes.

Não tinha uma parte de mim que não doía constantemente.

Aliado a isso, eu também estava com um grande nível de fraqueza muscular já que eu não estava praticando exercícios físicos regularmente, o que agravou ainda mais as dores articulares e musculares, tornando meus dias totalmente cansativos, improdutivos, quase mortíferos.

Você tem passado por isso?

Se vermos de perto a definição clássica de Esgotamento – Burn Out, entendemos que se caracteriza por uma exaustão física e mental após o trabalho.

O Burnout tende a ser confundido com a depressão mas é completamente diferente dessa patologia. Pessoas em um algum dos estágios do Burn Out sentem um cansaço fora do comum, muitas vezes por estar tão envolvidas em seu trabalho, projeto ou outra atividade que esteja realizando como estudos, parentalidade…

Mais adiante discutiremos melhor esses outros formatos do Burnout, já que primordialmente ele foi reconhecido como uma “Doença Ocupacional” do trabalho.

O Burnout é categorizado principalmente por um grande excesso de investimento de recursos internos, onde você literalmente sente que colocou toda sua energia no trabalho ou projetos afins.

Já a Depressão, não se deve apenas ao trabalho, mas sim a um grande impacto emocional negativo, onde a pessoa sente um total desapego em mudar sua própria realidade.

O Esgotamento é um estado que muitas vezes passa despercebido por quem o sofre

Anualmente, inúmeros colaboradores enfrentam essa síndrome, sendo crucial reconhecer seus sintomas para prevenir essa condição debilitante.

Identificar os sinais de burnout, seja em si mesmo ou em um colega, é fundamental.

De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros enfrentam a síndrome de burnout, também chamada de síndrome do esgotamento profissional.

Um número assustadoramente alto, não é mesmo?

Esse esgotamento físico e mental, causado pelo excesso de trabalho, foi oficialmente reconhecido e classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença ocupacional em 2022.

Esse reconhecimento tem gerado muitas mudanças na forma como as pessoas vêem o trabalho.

Mundialmente, o Brasil ocupa o segundo lugar em casos de burnout, ficando atrás apenas do Japão, que lidera com um índice de 70% e segundo uma pesquisa realizada em 2021 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a maioria dos afetados por essa síndrome tem menos de 30 anos.

Já em outro estudo que usa IA indica que as áreas corporativas abaixo são as que mais sofrem com burnout no Brasil:

  • RH: 43 pontos
  • Vendas: 42,11 pontos
  • Educação: 42,1 pontos
  • Liderança: 40,43 pontos
  • Administrativo: 38,38 pontos
  • TI: 36,61 pontos

Agora que você já sabe de alguns dados estatísticos e entendeu que você ou seu colega de trabalho não estão sozinhos…

Vamos mergulhar nos sintomas clássicos dessa síndrome que tem afetado cada vez mais pessoas ao redor do mundo?

Quais são os sintomas do Burnout?

Os sintomas do burnout podem ser divididos em duas categorias: psicológicos e fisiológicos.

Essa condição afeta o indivíduo como um todo, muitas vezes manifestando-se por meio de uma combinação dessas duas categorias.

Aspectos psicológicos

Um dos sintomas mais comuns é a mudança de atitude do colaborador. Ele se torna menos confiante, pode ficar mais agressivo e cínico, com uma forte tendência de introspecção.

A desmotivação e a perda de concentração são evidentes, às vezes acompanhadas de lapsos de memória.

Quando questionados sobre como se sentem, os afetados muitas vezes respondem de forma totalmente vazia.

Alto grau de irritabilidade e julgamentos equivocados também podem ser indícios de burnout.

Imagine um cenário onde um colega, que antes era entusiasmado e proativo, começa a responder perguntas sobre seu bem-estar com um simples “Estou bem” ou “Tanto faz”, sem qualquer emoção ou detalhes.

Isso pode ser um sinal de que ele está emocionalmente esgotado.

Além disso, o aumento da irritabilidade pode ser notado em situações cotidianas.

Por exemplo, se um funcionário que costumava ser calmo começa a se irritar facilmente com colegas por questões menores, como mudanças no cronograma ou falhas técnicas, isso pode indicar que ele está lidando com burnout.

Julgamentos equivocados também são um sinal.

Imagine um gestor experiente que começa a tomar decisões impulsivas e erradas, como aprovar projetos sem a devida análise ou reagir exageradamente a pequenos erros. Esse comportamento pode ser um reflexo do desgaste mental causado pelo burnout.

Aspectos físicos

Distúrbios do sono podem anunciar um futuro estado de esgotamento, principalmente porque a falta de descanso apropriado pode deteriorar a qualidade de vida do ser humano.

Me lembro de um episódio intenso de Insônia, fiquei quase 10 dias sem conseguir dormir mais que 2-3 horas por noite.

Tinha tanto trabalho pra fazer que não conseguia parar de pensar e processar tudo.

Quando me deitava pra dormir, eu simplesmente não conseguia desligar, não conseguia completar um ciclo inteiro de sono.

Nem preciso dizer quão exausta eu estava né?

E quanto mais tentava, menos eu conseguia desligar minha mente.

Distúrbios alimentares também podem ser comuns, e dependendo da pessoa, podem levar à perda ou ganho de peso.

Problemas de pele, palidez, queda de cabelo e um enfraquecimento das defesas imunológicas também podem ser notados, tornando a pessoa ainda mais vulnerável a doenças.

Eu mesma, tive severas crises de alergia na pele, queda de cabelo intensa, que me levaram a consultar um dermatologista.

As consequências da Síndrome de Burn Out

O burnout não deve ser subestimado, pois provoca grande desconforto no colaborador e afeta negativamente o ambiente de trabalho da empresa.

Como explicamos em nosso artigo dedicado à síndrome de burnout e seu impacto na vida, as consequências desse problema são vastas e preocupantes.


Para o colaborador

Enfrentar o afastamento e o retorno ao trabalho pode ser um grande desafio devido ao medo de reviver as situações que causaram o esgotamento físico e mental.

Se reintegrar ao mundo profissional após passar por um burnout é muito difícil para algumas pessoas, principalmente por causa das ansiedades e preocupações com o futuro.


Para a empresa

O burnout é um problema sério que resulta em altos índices de faltas ao trabalho e pode prejudicar permanentemente sua reputação, tornando mais difícil para reter talentos.

Afinal, quem gostaria de trabalhar em um ambiente que conduz seus funcionários ao esgotamento físico e mental?

Felizmente, a mentalidade das pessoas e empresas estão gradualmente mudando em relação a essa doença, que por vezes, tem sido considerada o mal do século do trabalho moderno.

Isso pode trazer inúmeras melhorias na qualidade de vida das pessoas, contamos com isso não é mesmo?

Ainda temos um longo trabalho de conscientização pela frente, já que atualmente, o burnout como temática, está cada vez mais presente devido às mudanças nas condições de trabalho no ambiente profissional.

O foco excessivo em lucro e rentabilidade, nos faz muitas vezes esquecer de ver o trabalhador como ele é: um ser humano, acima de tudo.


Como prevenir ou tratar o Burn Out?

Talvez seus colegas não notem, talvez seu chefe não perceba, quem sabe apenas as pessoas mais próximas a você poderão te avisar quão esgotado você está?

Não ignore-as. Elas podem ser sua primeira ferramenta de aviso de um estado de cansaço crônico.

É fundamental antecipar o esgotamento para tratá-lo adequadamente. Identificamos muitos sinais de alerta que indicam que estamos no caminho errado. No entanto, é difícil ter a perspectiva necessária para perceber que estamos caminhando diretamente para o burnout.

Pesquisas revelaram que solteiros e jovens são as populações mais suscetíveis ao burnout.

Os solteiros podem não ter o apoio moral diário ao voltar para casa, o que ajuda a aumentar ainda mais o desconforto profissional que leva ao esgotamento.

Para os mais jovens, a idealização do mundo do trabalho muitas vezes leva a uma desilusão quando se deparam com a realidade pela primeira vez, aumentando o risco de burnout.

Uma pessoa que sofre de burnout precisará de tratamento, e existem várias abordagens para lidar com esse problema.

Recomendamos seguir um plano de terapia completa, com o auxílio de um profissional que te apoie durante todo o processo de investigação e auto-entendimento, te ajudando a entender as causas que te levaram ao esgotamento.

Compreender as raízes do problema, o trabalho de reconstrução pode começar, ajudando a superar o impacto mental causado pelo burnout.

Esse é um passo crucial para retomar a vida profissional, seja em uma atividade semelhante ou completamente nova.

Além da ajuda profissional, é vital contar com o apoio de pessoas queridas. O suporte de cônjuges, amigos ou pais pode realmente acelerar o processo de recuperação após o esgotamento.

Também é recomendado um período de descanso, seja de algumas semanas ou meses, para permitir que a mente alivie o peso do estresse acumulado que a levou a este estado de exaustão crônica.

Fisicamente, é importante se manter num estado maior e constante de relaxamento, sem focos de estresse, permitindo que o corpo recupere suas forças.

O Burnout é mesmo uma doença ocupacional?

 Antes de 2022, o esgotamento não era considerado um problema ocupacional.

E Embora o burnout fosse um problema amplamente reconhecido e afetasse cada vez mais trabalhadores a cada ano, ele ainda não era considerado uma doença profissional.

Diversos movimentos políticos tentaram, nos últimos anos, aprovar legislação para reconhecer a síndrome de esgotamento profissional, com sucesso em 2022, que levaria até mesmo o profissional ter a possibilidade de ser afastado de suas atividades no trabalho.

Essa decisão fez com que inúmeras empresas prestassem mais atenção às condições de trabalho, já que seria mais difícil ocupar a lacuna que o colaborador poderia deixar ao ser diagnosticado e precisar de ausentar para o tratamento.

Essas iniciativas, têm contribuído para aumentar a conscientização sobre essa condição. Falamos mais frequentemente de excesso de trabalho ou cansaço mental ao nos referirmos ao burnout, o que limita seu reconhecimento oficial como uma doença profissional.

Infelizmente, essa situação impede que os afetados recebam a compensação devida quando uma doença é formalmente reconhecida como ocupacional.

Em certas situações muito específicas e com a documentação adequada, pode ser possível obter da sua empresa e/ou da seguridade social o pagamento de uma compensação ou indenização pelo estado de burnout. Explicamos como ter seu burnout reconhecido como doença ocupacional pelo seguro de saúde, o que pode ajudar na obtenção desses benefícios.

Outras formas de esgotamento: esgotamento materno, bore-out, etc.

Quando falamos em burnout, geralmente associamos o termo ao esgotamento profissional. Contudo, existem outras formas de esgotamento que merecem atenção.

As mais comuns são o mummy burn out, bore-out, brown-out e blurring.

Mummy Burn Out

Esgotamento materno é a síndrome de exaustão que muitas mães enfrentam. Seja com filhos pequenos ou mais velhos, esse tipo de esgotamento pode ocorrer a qualquer momento e se manifesta por meio de sintomas como agressão verbal, sensação de impotência diante das tarefas, e a percepção de fracasso em relação ao ideal de Mãe Perfeita promovido pela sociedade.

As mulheres afetadas tentam, até a exaustão mental e física, fazer com que a realidade da maternidade corresponda aos seus sonhos.

Explicamos tudo sobre o esgotamento materno para ajudá-la a superar esse desafio.

Bore-out


Síndrome do tédio profissional que vai na contramão do burnout clássico. Nesse caso, não é o excesso de estresse ou trabalho que leva ao esgotamento, mas sim a falta de interesse pelas tarefas e projetos, ou uma rotina monótona que gradualmente destrói qualquer motivação.

Esse tédio é comum e não deve ser subestimado.


Brown-out


Se caracteriza pela sensação de inutilidade em relação às tarefas atribuídas. É um conceito relativamente novo que descreve o estado de um funcionário que não encontra propósito no seu trabalho.

Isso pode levar o colaborador a abandonar o emprego ou, na pior das hipóteses, sofrer um esgotamento devido ao sentimento de insignificância.

Blurring


Refere-se à dificuldade de separar a vida profissional da pessoal. Com o aumento dos trabalhadores nômades, que não possuem horários ou locais de trabalho fixos, traçar uma linha clara entre trabalho e vida pessoal torna-se desafiador.

Essa linha tênue, ou “borrada” (daí o termo blurring), complica a distinção entre os dois mundos.

Entender essas variações do esgotamento é crucial para reconhecer os sinais precocemente e buscar as medidas necessárias para enfrentá-los.

Evite o Burn Out com o autoquestionamento


O burnout é uma condição séria que não deve ser minimizada, e a responsabilidade por esse mal recai tanto sobre o empregado quanto sobre o empregador.

Sabemos que o empregador tem o dever de garantir a segurança e a saúde física dos colaboradores. Se não conseguir cumprir essa responsabilidade, pode enfrentar grandes problemas com as reclamações, especialmente se isso levar um funcionário ao esgotamento.

Por outro lado, cada indivíduo também deve tomar medidas para evitar o burnout. Antes de chegar a um estado de exaustão mental e física, é crucial que cada pessoa, ao reconhecer os sinais de alerta mencionados aqui, faça uma avaliação completa da sua situação.

Como o trabalho é um fator significativo no esgotamento, é importante analisar todos os seus aspectos.

Seria fácil dizer que é apenas um trabalho e tentar se desligar dele para evitar estresse e cansaço excessivo.

No entanto, para muitos, essa desconexão não é tão simples (pelo menos, não foi nada fácil pra mim).

Nesse caso, é necessário fazer as perguntas certas:

  • Qual é o papel que quero dar a este trabalho?
  • Eu realmente gosto dele?
  • Quais são minhas alternativas?
  • Quais são os pontos positivos e negativos deste emprego?

Ao entender o que está funcionando e, principalmente, o que não está, você poderá tomar decisões corretas e fazer as mudanças necessárias para evitar o temido esgotamento.

Compreender e respeitar seus próprios limites e ajustar suas expectativas pode ser a chave para manter um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal.

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